sexta-feira, 18 de abril de 2014

Uma ideia para as aulas de Sintaxe na Educação Básica: Transitividade Verbal

Todos que já passaram pelo ensino fundamental sabem como são terríveis as aulas de sintaxe, mais especificamente, a análise sintática. Nós professores corremos o risco de pecar no ensino do assunto e os alunos de não aprender como deveriam. Isso acontece porque a análise sintática não é um assunto tão objetivo, os termos podem mudar de posição na frase por causa de questões de estilo e até mesmo de variações linguísticas.
 Não tá entendendo nada, né?! Depois digo onde quero chegar, mas por enquanto, vamos adiante... 
Fui professor de língua portuguesa durante um ano e preparei alunos para a prova do Instituto Federal do estado; a porcentagem de alunos que alcançaram boas notas em língua portuguesa foi razoável. Mantive contato com os alunos e corrigimos as questões. Para a minha surpresa (nem tanto), as questões nas quais houve mais erros foram as de análise sintática. Percebi também que os alunos que se dispuseram dos esquemas que utilizei para ensinar a análise sintática se sobressaíram nessas questões e alcançaram melhores notas. Agora quero compartilhar minhas experiências. Mas quero que fique bem claro, são só ideias, o que não significa que alguém DEVA fazer assim.
Nesse artigo pretendo falar sobre a transitividade dos verbos explicada com desenhos. Desenhar é uma forma de chamar a atenção dos alunos; e fazer bonecos de stick não é nada complicado: faz a cabeça, puxa o tronco e faz palitinhos para as pernas e braços. Então, vamos lá. Ah!, não esqueça de personalizar os bonequinhos. Faça olhos gigantes, sorrisos assustadores, barba, boné, e o que sua criatividade mandar.

Quanto a sua transitividade, o verbo se divide em quatro (se excluirmos o verbo de ligação). Pense assim: se um carro está parado, não há trânsito; se este carro se move até o seu destino, há trânsito (no próximo artigo explicarei melhor essa do carro).
O mais simples é o INTRANSITIVO (repare, não há trânsito de informações). Nesse tipo, o verbo não precisa chegar até o seu destino (OBJETO), sendo assim, não há trânsito. Veja:

 Exemplo: Léo caiu.
A oração não precisa de nenhum complemento para ter significação completa (segundo a gramática normativa). Léo caiu e pronto. Ninguém precisa saber da vida dele, ou como ele caiu (se houvesse essa informação, haveria também um adjunto).
Outra face da transitividade são os Verbos TRANSITIVOS. Nessa face, o verbo requer a chegada ao seu destino, ou seja, se faz necessário um complemento verbal. Por isso, eles se dividem em três menores tipos, os Transitivos DIRETO, INDIRETO e DIRETO & INDIRETO (sim, direto e indireto ao mesmo tempo). Não se assuste, não é tão difícil como você pode estar pensando.
O Verbo Transitivo Direto (VTD) é nomeado assim porque tem um complemento verbal exigido pelo verbo que se denomina OBJETO DIRETO. Para que o objeto seja DIRETO, o verbo não exigirá, além do complemento, uma PREPOSIÇÃO. Aposto que você já deve estar pensando: -“Nossa, ‘tá’ ficando chato, esse negócio de preposição eu não sei o que é”. Os gramáticos de renome, Bechara, Cegalla, Cunha & Cintra, têm um conceito um tanto complicado para novos entendedores, sendo assim vou tentar simplificar.
“Preposição é aquele vocabulozinho que une os termos de uma mesma oração. É a própria preposição que, na maioria das vezes, dá o sentido dessa união.”


Se eu dissesse “Marcos vai o carro”, o que estaria faltando? Sim, a preposição, que poderia ser “de” ou “para”, o que mudaria o sentido da união entre os termos “vai” e “carro“ (o artigo “o” é apenas um determinante e não tem valor sintático significativo).
Exemplo: Marcos chutou a bola ou Marcos chutou alguém.



O segundo subtipo é o Verbo Transitivo INDIRETO (VTI), que ao contrário do VTD exige uma preposição. Vejamos:
“O cientista + gosta + de + sua namorada” ou “O cientista + gosta + de + sua bola de futebol”.
O verbo gostar, por funcionar como TRANSITIVO INDIRETO, exigirá, neste caso, a preposição “de”, portanto, teremos um objeto INDIRETO.


Lembre-se: Verbos Intransitivos (VI) não têm Objeto (O); Verbo Transitivo Direto (VTD) sempre tem Objeto Direto (OD); Verbo Transitivo Indireto (VTI) tem Objeto Indireto (OI); e Verbo Transitivo Direto e Indireto... bem, vamos ver agora.
“O cientista + tomou + uma bola nova + de + Sofia” ou “O cientista tomou de Sofia uma nova bola”.
O verbo “tomar” requer que Alguém (o cientista) tome algo/alguém (uma bola nova) de (preposição) alguém (Sofia). Pode-se dizer, então, que o Verbo Transitivo Direto & Indireto (VTDI) vai precisar de dois objetos, sendo que um deles sempre será DIRETO (uma bola nova) e o outro INDIRETO (Sofia).

É isso, espero que tenham gostado. Qualquer dúvida/crítica/sugestão é só comentar. Até a próxima!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Somos diversos linguisticamente, mas todos "hablamos Portuguesiño"

- "Você já parou para pensar como é grande a diversidade linguistico-cultural do Brasil?"
- "Hã? Sei lá."


Cada região do Brasil, como se pode facilmente perceber, tem características próprias quanto à forma de se comunicar dos seus habitantes. Atualmente, nas escolas públicas [até onde eu sei], os professores de língua portuguesa , com devidas exceções, não estão preocupados com a língua que realmente é usada no nosso país. 

Como assim?

Estamos vivendo um momento de transição no qual os 'antigos' reforçam a relação certo/errado e julgam de maneira bem depreciativa o linguajar extra-classe dos alunos como 'a língua popular' ou 'a língua coloquial'. Do outro lado, temos os professores que são preparados para estabelecer as diferentes importâncias e os diferentes contextos de uso das variedades linguísticas padrão e não-padrão. 
Hoje no Brasil, pela grande influência da mídia televisiva, a variedade mais difundida é aquela da região Sudeste do Brasil, visto que é de lá que partem praticamente todos os programas da TV aberta. Essa variedade, portanto, ganhou o título de 'padrão'. (Dá uma olhada no site Desconversa). Sendo assim, todos que não falam como se fala lá poderão sofrer um pouco de preconceito linguístico [vide o livro Preconceito Linguístico de Marcos Bagno]. Além disso, o que se entende hoje por 'correto' é baseado na literatura de um tempo passado, o que às vezes, pode causar conflitos. O projeto NURC (Projeto da Norma Urbana Oral Culta), criado por pesquisadores da língua, chegou pra mudar um pouquinho essa situação.

Maaas....

Mesmo com toda essa diversidade, muito traços da língua portuguesa falada no Brasil são comuns a praticamente todos os povos daqui. Um exemplo forte disso é o jeito que a gente fala no diminutivo pra expressão algumas emoções como o carinho, a dó, ou mesmo pra intensificar uma ideia.
A Coca-cola percebeu essa nossa curiosa singularidade e resolveu nos 'zoar' e, confesso, ficou até bem engraçado. Veja:


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Postagem introdutória: A sala de aula e o sistema solar

Por muito tempo, a Terra foi considerada o centro do Universo. Podemos agradecer a Aristaco de Samos e a Copérnico pela visão Heliocêntrica que hoje temos, aquela em que se vê o Sol no centro. O sol é o responsável pelo aquecimento e pela iluminação do nosso planeta. Sem ele, não viveríamos.
Muitas ~ muuuuuuitas ~ pessoas acreditam que o professor é e deve continuar sendo o Sol, em torno do qual os alunos devem "girar".
Eu acredito, de alma inteira, que o professor é um mediador. Através dele se é capaz de chegar ao conhecimento de forma direcionada e embasada, mas ele não é a única fonte. Precisamos entender que a curiosidade é melhor amiga de quem quer aprender. Sempre digo pra mim mesmo: "Não gosto de estudar, gosto mesmo é de aprender". Mas como aprender exige estudar, né... A curiosidade leva a pesquisar e a se aprimorar; dessa forma, o aluno se sente motivado a buscar por si só o conhecimento.

Isso me lembra um artigo da revista Veja, Aluno não quer dizer 'sem luz', o qual fala sobre a(s) origem(ns) da palavra 'aluno', mas a isso outros blogs já se propuseram explicar. Mesmo assim, reforço: o aluno também tem sua carga de conhecimento e é capaz, sim, de partilhar. O professor não deveria negar o espaço que o aluno precisa, mas sim incentivar a construção mútua do conhecimento através de uma abordagem comunicativa.